domingo, 27 de março de 2016

Há dias e dias


Domingo de Páscoa... foi no último Domingo de Páscoa que te vi pela última vez.. Está a fazer um ano que nos deixaste.

Entrei no quarto com todos os outros, o teu olhar, os teus olhos claros, mostraram-me logo que estavas assustada, não nos conheceste, nem ao teu marido, nem à tua filha e muito menos a nós, tuas netas. A minha irmã sai de imediato do quarto lavada em lágrimas e não mais voltou a passar da ombreira da porta. Pus-me contigo na brincadeira e fixaste esses teus olhos verdes, lindos de mais, em mim, não me conhecias mas a minha voz era-te familiar. Naquele dia disse-te adeus sem o dizer.

Domingo de Páscoa será sempre o dia em que te disse adeus!

Tenho saudades tuas vó, das tranças que tão habilmente nos fazias, de me chamares Maria dos Cornos, por carregares um orgulho enorme nas mulheres que ajudaste a criar. Adoro-te e nunca te vou esquecer! 

Até já vó Quina!

sábado, 26 de março de 2016

É tudo uma questão de tempo


"Na semana passada eu li em algum lugar algo mais ou menos assim: "É tudo uma questão de tempo". Foi essa mesma frase que eu ouvi de todos os meus amigos e dos meus pais, é como se ela me perseguisse... Eles disseram que era só uma questão de tempo e eu acreditei, porque talvez tu fosses só mais uma pessoa que passou pela minha vida e não tardaria viriam outras pessoas que me fariam esquecer o cheiro do teu perfume, e o som da tua gragalhada. Mas a verdade é que já faz algum tempo que toda a vez que alguém me conta uma piada, eu sinto vontade de sair a correr para te contar só para ouvir a tua risada, já faz algum tempo em que o teu cheiro me persegue toda a vez que alguém passa por mim no  meio da multidão da cidade, já faz algum tempo em que eu deixei de ouvir músicas daquele cantor só para ver se assim consigo apagar os teus rastos, ou pelo menos tirar de mim um pouco de ti, mas parece que quanto mais distância eu tento criar, mais próximo tu ficas.

Talvez seja mesmo uma questão de tempo, mas como outra pessoa também já me disse, "Tempo de quê?".  Tempo de eu dispensar todas as pessoas simpáticas que me aparecem, porque nenhuma delas me faz sentir coisas únicas como tu costumavas fazer? Tempo de eu ter que escolher outro cantor preferido, já que aquele só me lembra de nós? Tempo do meu coração congelar e não ter verão que o aqueça? Disseram-me que era uma questão de tempo, eles só não me deram o relógio para acompanhar, muito menos um manual de instruções a dizer o tanto de gente interessante que eu iria conhecer  depois de ti mas que eu iria de imediato dispensar, por não ter sentido nada de mais, porque os outros, realmente, se tornaram nada mais do que os outros.

O problema é que tu me fodeste e não foi na cama, muito menos por vontade minha. Não foi bom, foi sem prazer, sem toque, só me viraste as costas e mostraste como a distância de alguém que mora logo ali é capaz de magoar. Disseram-me que logo passaria e eu espero esse "passar" que nunca chega, enquanto isso vou vivendo em busca de mim e, se surgir a oportunidade, de outra pessoa que me faça tão bem quanto tu me fizeste. A minha vida, na verdade, não parou, mas em noites como esta eu perco toda a noção de onde estou para saber onde tu estás, esqueço-me de tudo o que existe fora do meu quarto e fecho os meus olhos só para me lembrar de como era bom ter-te aqui, dou-me conta de que não há solução para nós dois e mesmo que houvesse, não seria tão bom quanto antes, porque algumas mágoas nós simplesmente não conseguimos esconder sob o tapete.

Esta é a parte do filme que passa depois dos créditos finais e ninguém fica para assistir, talvez seja só uma questão  de tempo mesmo e eu tenha pressa de mais, na verdade, pode ser essa pressa em te esquecer que faz com que eu pense cada vez mais em ti. Talvez seja só questão de tempo, então deixa-me tentar descobrir que tempo é esse, mas se esbarrares em mim na rua vê se me convidas para conversar. Porque a gente só sabe que o sentimento acabou quando olhamos nos olhos do outro e a nossa mão não treme, a fala não foge e nos damos conta de que  já não existem mais borboletas no estômago, mas é como dizem...Talvez seja mesmo só uma questão de tempo."

Thais Verissimo  

sexta-feira, 25 de março de 2016

Cansada


Bem que semanas de loucos.. tinha tanta coisa pensada mas o tempo para vir aqui escasseou, há alturas em que alguma coisa tem que ficar para trás. 

Normalmente fica para trás aquilo e aqueles que sabemos que nos vão perdoar por os deixar de parte durante uns dias.... Mas já estou de volta! 

Bom fim de semana prolongado!

terça-feira, 15 de março de 2016

Malvada vida


Ainda não consigo acreditar, não, não sou uma grande admiradora deste senhor... mas a ideia que tenho dele é mesmo esta: Senhor! Um senhor que deu muito a Portugal que fez crescer a industria televisiva, cinematográfica... Há pessoas que são eternas e ele há-de ser uma dessas pessoas. Partiu demasiado cedo e sem aviso. Obrigada Nico por tantos papeis, por tantos serões... 

Diogo Morgado disse tudo e eu subscrevo aqui a bonita homenagem que este, entre muitos outros lhe quiseram deixar:


"Partiu... e de que maneira. 

Quero falar não daquilo que me uniu ao homem mas daquilo que o homem uniu. Hoje... partiu, mas há anos que ele anda a partir as amarras que nos impedem de andar para a frente, a quebrar as barreiras do medo e da nossa pequenez, a empurrar-nos a acreditar, a quebrar preconceitos e estereótipos a fazer-nos dar valor, a sonhar...Começou como tenor de ópera, tropeçou no teatro, onde cresceu e se formou como actor. Na altura a única televisão digna para um actor era o teatro televisionado. 
Mas ele viu mais, viu para além das nossas aparentes limitações e acreditou. Chamou uns quantos comparsas para pela primeira vez se fazer aquilo que só se julgava ser possível lá fora. Drama televisivo de longo formato. Chamaram-no de louco e sonhador, ao qual ele agradeceu o elogio, sorrindo, mas acima de tudo... fazendo. 
Onde morrera sempre a diferença dos que discutem, criticam e analisam e dos que fazem. Ele fez, e voltou a fazer vezes sem conta. 
Aquilo que é hoje em Portugal um mercado de reconhecido prestígio internacional, foi uma vez, apenas um sonho acreditado na cabeça de um homem grande, com alma de puto. 
Daqueles putos que quando não sabem o que dizer conta uma história... e que histórias... tantas e tão vividas e tão celebradas e acima de tudo tão partilhadas por ti.
Partiu... Partiu o preconceito da aparente dividida comédia / tragédia, fazendo-nos rir durante anos com todas as suas peças, sketches, séries e revistas, apenas para mergulhar de seguida no mais intenso dos dramas e expor as suas fragilidades em personagens tão sérios e reais como os seus sonhos, em tantos filmes que nos presenteou. Partiu... Partiu a barreira da idade. Aquele gigante com olhar de puto foi protagonista toda a vida, fosse em novela, filme ou teatro. Nunca deixou que a idade lhe tirasse o nervo, e com 70 anos continuava a ser protagonista de onde entrava. 
Tal como todos os grandes, não era perfeito, não era fã de trabalho, nem do frio, nem de tristezas ou lamúrias... Dessem-lhe abraços, o Alentejo, gargalhadas e histórias numa farta mesa e tinham o Nico no pico do mundo.
O Nico era nosso, era dos nossos, éramos nós. Partiu... mas desta vez dói."

quarta-feira, 9 de março de 2016

Mulheres do séc.XXI


Ontem li isto e achei tão curioso que decidi partilhar com vocês.

"Às vezes olho para mim imaginando um homem hipotético que descreva assim a mulher dos seus sonhos:
Ela tem que trabalhar e estudar muito, ter uma caixa de emails sempre lotada. Os pés devem ter calos e bolhas porque ela anda muito com sapatos de salto, para lá e para cá.
Ela deve ser independente e fazer o que ela bem entende com o próprio salário: comprar uma bolsa cara, doar para um projeto social, fazer uma viagem sozinha pelo leste europeu. Precisa conduzir bem e entender de imposto de renda.
Cozinhar? Não precisa! Tem um certo charme em errar até no arroz. Não precisa ser toda definida, porque não dá tempo de fazer tudo o que ela faz e ainda ter tempo para treinar.
Mas acima de tudo: ela tem que ser segura de si e não querer depender de mim, nem de ninguém.
Pois é. Ainda não ouvi esse discurso de nenhum homem. Nem mesmo parte dele. Vai na volta é por isso que estou solteira aqui, na luta.
A verdade é que eu tenho andado a pensar nisso. Na incrível dissonância entre a criação que nós, meninas e jovens mulheres, recebemos e a expectativa da maioria dos meninos, jovens homens, homens e velhos homens.
O que os nossos pais esperam de nós? O que nós esperamos de nós? E o que eles esperam de nós?
Somos a geração que foi criada para ganhar o mundo. Incentivadas a estudar, trabalhar, viajar e, acima de tudo, construir a nossa independência. Os poucos bolos que fiz na vida nunca fizeram os olhos da minha mãe brilhar como as provas e testes com boas notas. Os dias em que me arrumei de forma impecável para sair nunca estamparam no rosto do meu pai um sorriso orgulhoso como o que ele deu quando entrei no mestrado. Quando resolvi fazer um breve curso de noções de gastronomia os meus pais acharam “bacano”. Mas quando resolvi fazer um breve curso de língua e civilização francesa na Sorbonne eles inflaram o peito como pombos.
Não tivemos aula de corte e costura. Não aprendemos a rechear um frango. Não nos chamaram para trocar a fralda de um priminho. Não nos explicaram a diferença entre alvejante e água sanitária. Exactamente como aconteceu com os meninos da nossa geração.
Mas ensinaram-nos sobre desporto. Fizeram-nos aprender inglês. Aprender a conduzir. Aprender a construir um bom currículo. A trabalhar sem medo e a investir o nosso dinheiro. Exactamente como aconteceu com os meninos da nossa geração.
Mas, escuta, alguém se lembrou de avisar os tais meninos que nós seríamos assim? Que nós disputaríamos as vagas de emprego com eles? Que nós iríamos querer jantar fora, ao invés de prepararmos o jantar? Que nós iríamos gostar de cerveja, whisky, futebol e UFC? Que iríamos ter paciência para dar muita satisfação? Que nós seríamos criadas para encontrar a felicidade na liberdade e o pavor na submissão?
Aí, nós mulheres, com a nossa camisa social que amassou no fim do dia, a nossa bolsa pesada, o nosso telemóvel a apitar com os 26 novos emails, amigas à nossa espera para jantar, carro sem lavar, 4 reuniões marcadas para amanhã, e perguntamos: “Que raio de homem vai me querer?”.
“Talvez se eu fosse mais delicada… Não dissesse palavrões. Não tivesse subordinados. Não dirigisse sozinha à noite sem medo. Talvez se eu aparentasse fragilidade. Talvez se dissesse que não me importo de lavar cuecas. Talvez…”
Mas não. Essas não somos nós. Nós queremos um companheiro, lado a lado, de igual para igual. Muitas de nós sonham com filhos. Mas não só com eles. Nós queremos fazer um risoto. Mas vamos querer morrer se ganharmos um liquidificador de aniversário. Nós queremos contar como foi o nosso dia. Mas não vamos admitir que alguém questione a nossa rotina.
A verdade é: quem foi educado para nos querer? Quem é seguro o bastante para amar uma mulher que voa? Quem está disposto a fazer-nos querer pousar ao seu lado no fim do dia? Quem entende que deitar no seu peito é a nossa forma de pedir colo? E que às vezes nós vamos precisar do seu colo e às vezes só vamos querer companhia para um vinho? Que somos a geração da parceria e não da dependência?
E não estou aqui, num discurso inflamado, a culpar os homens. Não. A culpa não é exactamente deles. É da sociedade como um todo. Da criação equivocada. Da imagem que ainda é vendida da mulher. Dos pais que criam filhas para o mundo, mas querem noras que vivam em função da família.
No fim das contas não somos nada do que o inconsciente colectivo espera de uma mulher. E o melhor: nem queremos ser. Que fique claro, nós não vamos andar para trás. Então vai ser essa mentalidade que vai ter que andar para a frente. Nós já nos abrimos para ganhar o mundo. Agora é o mundo que tem que se virar para nos ganhar de volta."
Texto de Ruth Manus

segunda-feira, 7 de março de 2016

São Pedro


São Pedro, eu sei que estamos no Inverno mas preciso mesmo de uns raios de sol para realizar a minha fotossíntese e aniquilar os niveis elevadissimos de mau humor.

Sê bondoso e fecha as torneiras de uma vez por todas e se não for pedir de mais acaba com este vento parvo.

Só preciso de um dia de céu azul, temperaturas a 15º e um sol maravilhoso.

Obrigada 

sexta-feira, 4 de março de 2016

Respira #14


Andava eu aqui à procura do próximo protagonista desta rúbrica quando dei de caras com isto...

Tobias Cameroon, 37 anos é modelo e sei muito pouco sobre ele mas que deixa qualquer uma sem ar, não restam dúvidas..