domingo, 3 de maio de 2015

Ela é a tal


Era uma madrugada de verão quando ela sentiu que a hora estava a chegar, foi para a maternidade e o parto não estava a resultar: "ferros, tragam os ferros", "a enfermeira que me deu a mão ficou com ela negra, tive tantas dores que acabei por desmaiar, quando acordei e olhei para ti achei que eras deficiente, estavas roxa de tanto esforço e tinhas a cabeça toda amolgada dos ferros." 

Carregou-me durante nove meses, enquanto recém nascida abdicou de muitas horas de sono "porque eras terrível para dormir", não se importou com o corpo ou com as marcas que ia ganhar. Educou-me, ensinou-me, ralhou-me, bateu-me, pos-me de castigo mas o colo, os beijos de boa noite, a história antes de dormir, as brincadeiras, os abraços, todo o amor que me deu transformou-me na mulher que sou hoje.

Ainda não sou mãe, e dizem que só nessa altura damos valor às nossas mães, mas tenho a certeza que cada cabelo branco tem uma assinatura nossa, sei que cada ruga, que cada cicatriz ou estria foi uma marca de excesso de amor. 

Podia ter nascido no seio de milhentas famílias mas nasci na família que a minha mãe escolheu, nasci para ser a menina da mamã,  nasci para conhecer a melhor pessoa com que já me cruzei e poder chamá-la de mãe, de minha mãe!

Amo-te daqui até à lua e da lua até aqui mãezinha querida do meu coração <3


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