terça-feira, 27 de outubro de 2015

Palavras soltas


O dia está frio, o vento é cortante e faz os meus olhos lacrimejarem, sento-me num banco de frente para o oceano. O mar está agitado, vai batendo nas rochas e criando nuvens de água salgada, o sol espreita tímido por de trás de algumas nuvens. Fecho os olhos, sinto uma lágrima percorrer o meu rosto e beijar ternamente os meus lábios, respiro fundo e a maresia invade os meus pulmões como um calmante imediato, oiço gaivotas cantarem melodias tristes e neste momento o mundo deixou de existir.

Coloco a mão dentro da mala pousada ao  meu lado, retiro o  meu caderno de todas as horas, o amigo que me ouve nos dias bons e maus, que entende cada palavra como se fosse sua. Procuro uma caneta e começo a escrever. São frases sem sentido, pensamentos soltos, sentimentos perdidos em algum recanto de mim. Escrevo o que me recuso a dizer aos outros e a mim, escrevo sobre mim, sobre ti, sobre o que nós fomos, o que poderíamos ter sido,  sobre o que escrevemos juntos e sobre o que tive que escrever sozinha!

Paro por um segundo, levanto os olhos do meu amigo e volto a olhar o mar e ele continua lá, sempre com o mesmo ritmo, indo e vindo,  sem parar, sem hesitar... Ao longe, na praia vejo uma família a brincar na areia e invejo-os pela felicidade que nem eles sabem que transbordam. Volto a olhar para o que escrevi, limpo a maldita lágrima que teima em cair, não sei se pelo vento se pelas lembranças ou  pela falta de felicidade. Fecho-o e atiro-o para dentro da mala com vontade de o atirar ao mar com todas as recordações, palavras e histórias que tem!

Fico ali sentada durante mais uns minutos. O mar acalma-me, é como se lavasse todas as minhas dores, as minhas saudades vão com as ondas e sem resolver nada volto à minha vida, com os mesmos problemas e angustias mas mais leve!

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